Se o trovão anuncia a invernada
Se escuta a seresta na colina
A voz doce do galo-de-campina
Com os pingos da chuva na latada
Vejo a serra ficando esverdeada
Um tapete se estende pelo chão
O profeta é chamado de carão
Que improvisa cantando e anuncia
Num repente que vem da invernía
Vida nova e fartura no Sertão.
Quando chove nas brenhas do Sertão
Sertanejo amolando a sua enxada
Bem cedinho escutando a passarada
Olha o campo revendo a plantação
Agradece a Jesus em oração
Pelo fim da estiagem no agreste
Pela flor e o prado que reveste
O cenário bonito na campina
Tinta pinta aquarela nordestina
Cor de chuva, riqueza do Nordeste.
Eu cantando é lucído a pradaria
Caatinga estepe, fauna e flora
Como os flashes do sol rompe aurora
E o peixe que vai contra a sangria
A ramagem no chão que é rouparia
Na ausência da lua aquele breu
A lavoura na seca que morreu
E anun preto chamando a Invernía
Não conheço quem cante poesia
Pra cantar o Sertão melhor que eu.