Valdi Rangel
Toda voz está presa
na boca calada,
e a garganta cela,
que guarda as palavras
se sente amarrada.
a poesia existente em nós
é poesia sem voz
é a saudade dos nossos avós.
que ficou vivendo em nós.
tudo ficou no passado,
guardado no quintal,
cercado de lembranças
o rio já não corre
morreu poluído,
agora, só escorrem as lágrimas,
em direção,
ao leito do rio perdido.
toda voz está presa
as bocas amordaçadas
e as palavras guardadas
propagam grunhidos.
toda a vida ficou no passado,
em um quadro calado,
pintado pelas boas lembranças
do que já foi, um dia vivido.
e a nossa poesia sem voz
não pode desatar os nós
que amarram as palavras
e as lembranças em nós.