Na dimensão do impossível, numa ribalta,
Há uma praia deserta onde a lua se deita.
Lá o meu desejo é livre e te espreita,
Onde minha paixão revelada te assalta.
Correrás assustada sem, no entanto, fugir;
Flutuarás encantada sob o luar preguiçoso e vão;
Girarás despindo véus ardentes e febris;
Queimando o juízo, incendiando a razão.
Como uma vênus desnuda, transpirarás sedução,
Encharcando minhas mãos incrédulas que audaz
Abraçam teu corpo que em luz se desfaz.
Abduzido do impossível para o real,
A solidão é lâmina ferindo em golpe letal,
É punhal dividindo a cama de um coração só.