Vente, vento, vente! Sopre ventania.
Chova, chuva, chova! Chore sua agonia.
Raios, rasguem o céu, rasguem! rasguem
Em maestria.
Céu! Por que guarda tanta dor?
Pare de guardar, pare de se sufocar.
Bote tudo pra fora, não de uma vez
Mas de vagar, aos poucos, todo dia;
Pode chorar, vai te fazer bem.
Vai te aliviar, te fazer mais leve.
Se for preciso traga neve,
Se for necessário seja breve,
Se quiser pese a "mão" ou seja suave,
Mas faça um favor a si mesmo, chore!
Se derrame sobre a terra, sutilmente.
Suas lágrimas, uma brisa refrescante
Trarão, ainda que caia granizo sobre
Nosso solo sagrado, sobre nossa gente.
Ainda que possa perfurar o chão,
Apenas caia sobre nós, o seu pranto,
Mesmo que não seja de positiva emoção,
Mesmo que seja de puro desencanto.
Vente, vento, vente! Sopre ventania.
Chova, chuva, chova! Chore sua agonia.
Raios, rasguem o céu, rasguem! rasguem
Em maestria.
Cubra os altares com suas nuvens,
Torne-se uma cachoeira,
Crie mares em certos lugares
Se ajudar.
Use suas forças para alterar o clima
Permita seu temporal exterior,
Tire tudo de "dentro", pra fora.
Ainda que altere a flora,
Faça com que o equilíbrio aflore,
Deixe fluir.
Assim como as flores caem,
Seu choro tem que cair,
Pois ele dá de beber, quem tem sede,
Alimenta o solo, faz as plantas
Crescerem...
Vente, vento, vente! Sopre ventania.
Chova, chuva, chova! Chore sua agonia.
Raios, rasguem o céu, rasguem! rasguem
Em maestria.