Eu te amo nas sombras.
Eu penetro na sua mente.
Me alimento das sobras,
Do seu pudor indecente.
Eu te liberto e te aprisiono,
Te dou remorso e prazer.
No acalento e no abandono,
Nas brumas do anoitecer,
Eu sou um só com você!
Sou o silêncio dos olhos,
O suspiro mais profundo,
Os punhos sob ferrolhos.
Pouco à pouco me torno,
No seu e no meu Mundo.
Sou sua carta de alforria.
Também a sua clausura.
E, mais dia menos dia,
Chegará a um momento,
Em que serei amargura.
Distante, no pensamento.