Tu foste botão fechado
em verde cofre lacrado,
prenúncio de amor e vida.
Até os seus quase-espinhos,
flexíveis e delicados,
cercando sua guarida.
Só dispensavam carinhos,
se dolentes eram tocados
por distraídos meninos.
E logo se transformou...
De botão rosa se fez.
Tão divina e graciosa,
tão bela e tão formosa,
a perfumada flor.
Que escolheu, o cantor,
beleza de tal jaez,
para exaltar o amor.
Assim te amamos todos,
poetas, amantes...loucos.
enlevados de encantos.
Te louvamos com mil versos,
em instrumentos diversos.
Fizeste feliz a tantos.
E logo se transformou...
A formosura em espanto.
Da alegria fez-se pranto.
Da beleza a sequidão.
Até o seu doce perfume,
perdeu a sua atração.
E o espinho enrijeceu-se
Furando a minha mão.
Mas não me senti ferido.
Compadeci-me da rosa.
Pois se perder os espinhos,
Não deixará de ser rosa?