Em ti, voam os passarinhos e pousam,
Ciscando dentre seus cabelos o pasto.
Inquietos, bicam um a um seus pensamentos,
Seus sonhos e desejos mais secretos...
Então, fazem ninhos em sua cabeça...
E você, incontinente, leva-os consigo.
Chocam seus ovos e penugem,
Vez em quando bicam seus olhos.
Alguns gorjeiam, outros rugem!
Você se acostuma e já não liga.
Aos poucos se tornam sua vida
E na cama retinem seus ouvidos,
Como sinfonia sem fim, insônia.
Na longa noite sem Lua...
Então se vão, fortuitos...
Cicatriza-se em ti a ferida,
Silenciam-se os gritos...
Já não é o mesmo ninho!
Tem penas, bico e asas,
Seus olhos voam...
O horizonte é tão perto...
É que a árvore quer voar,
Apegou-se ao passarinho.