SONETO DO AMOR PLATÔNICO

Vivo a vida com o que me resta e estanco

Diante do tempo que veloz me escapa, ferino.

Pois pouco me resta de um amor que é tanto

Já que sem ela, quem completaria meu destino?

A solidão que hoje mora comigo

É a derradeira companheira que o poeta aborda.

E embora esmole essa paixão como mendigo,

Sou rico do amor que de mim transborda.

A paixão não correspondida me faz faminto,

Mas me alimenta o verdadeiro amor que sinto,

Já que não preciso dela para amá-la.

O amor por si só se basta e cala,

Age em silêncio, não se contradiz,

Embora ela não saiba, já me faz feliz.