Vivo a vida com o que me resta e estanco
Diante do tempo que veloz me escapa, ferino.
Pois pouco me resta de um amor que é tanto
Já que sem ela, quem completaria meu destino?
A solidão que hoje mora comigo
É a derradeira companheira que o poeta aborda.
E embora esmole essa paixão como mendigo,
Sou rico do amor que de mim transborda.
A paixão não correspondida me faz faminto,
Mas me alimenta o verdadeiro amor que sinto,
Já que não preciso dela para amá-la.
O amor por si só se basta e cala,
Age em silêncio, não se contradiz,
Embora ela não saiba, já me faz feliz.