Dentro de mim um clamor se eleva,
Uma vontade imensa de gritar,
Deixar que meus pulmões explodam
E aliviar essa pressão que não para.
Meu peito está apertado, comprimido,
Tanta angústia segura por tanto tempo,
Que já lateja e faz doer o coração,
Pedindo passagem através da voz.
Mas os lábios não se movem, selados,
As cordas vocais estão presas por dentro,
Meu grito não pode ver a luz do dia,
Tem de ecoar apenas na mente feroz.
Pois se libertasse tamanha turbulência,
Se expusesse toda a dor profunda,
O trovão que soltaria os ouvidos feriria,
Em ondas poderosas de energia selvagem.
Ficará guardado aqui, neste corpo opresso,
Até que o tempo decida por seu dono,
Ou a alma não aguente tanto desgaste
E o grito rompa os muros do silêncio.
Enquanto isso apenas o peito se sacode,
Embalado por soluços ríspidos e secos,
Esse clamor reprimido ainda late forte,
Pedindo passagem nesse refúgio de dor.