Na terra das tabebuias,
Às lágrimas de Tarobá,
Ante à tristeza de Naipi,
Onde viviam os M'byas
E o povo Tupi-guarani...
Nasceram as cataratas,
N'um rio calmo e tranquilo.
No berço dos caingangues,
Da fúria do deus serpente
Que se ardeu de ciúmes.
Do caos surgiram as quedas
Que rugem desde outrora
Da garganta que engole o rio
E que regurgita lamentos
Enquanto Mboicy chora
Mas Deus, que é caprichoso,
Do caos fez tudo o que há.
Fez um paredão rochoso
E conduziu o rio caudaloso,
Até desaguar no Paraná.
Ali o conquistador
Alvar Cabeza de Vaca
Parou ante o destemor
Do cacique Guairacá
“Co ivi oguerecó yara"
O lobo das muitas águas
Ainda uiva, solitário...
Tombou forte em batalha
Tendo o solo por mortalha
E o grande rio, por cenário.
Bem vindo a esse templo
Que a mão divina encerra
Seja porém respeitoso
Pois Deus todo poderoso
É o real dono da terra.
Mas o terrível ronco irado
Da dor que Mboicy sofre
Revela o rio mais brabo
E sobe o cheiro do enxofre
Pois, a garganta é do Diabo.