Nos tempos só de alegria,
Embaixo da cama dormia,
O papagaio de cabresto.
Longas tranças de rabiola,
Cem metros de linha trinta,
Duas varetas de caniço.
Nos sonhos a cavalgadura
E livre no céu era a pipa.
O sopro do vento empinava
E sacolejando ela subia,
Nos estribos me segurava
Em seu galope bonito.
Que saudades desse tempo!
Onde tudo era possível...
A criança tem braços longos
E o seu poder é incrível!
Pena que alguém me trancou,
No estreito corpo em que habito.
Mas à noite pego o carretel
E na amplitude sou imerso.
Subindo no dorso do vento
Solto minha pipa de papel,
Pois, o menino é eterno e,
Na essência, infinito!