Meu pai era um gigante imenso,
Em minha lembrança eterna.
Nós dois seguíamos adiante,
Eu agarrado em sua perna...
Com um golpe me punha n’ombro,
O horizonte bem lá na frente...
Eu estava tão contente...,
Nós dois no topo do mundo.
Em um viver tão intenso,
Que às vezes até eu penso,
Que Deus estava presente,
Preenchendo cada segundo.
O cheiro dos seus cabelos,
E o vento em minha face,
Em um momento perfeito,
Espelho da eternidade.
Mas o vento girou a roleta,
E suas costas se curvaram,
Escorreu-se a ampulheta,
E as lembranças ficaram.
Ele vinha tão animado,
Sobre a vida me ensinar,
Mas, eu estava ocupado
E não queria escutar.
Fugi dele, resoluto,
Em professa rebeldia,
E hoje daria tudo,
Para ter sua companhia.
Os amigos são como a chuva
Que ora vem e ora vai.
Mas o meu melhor amigo,
Não tenho dúvidas, meu pai!
O gigante que me ergueu,
E segurou a minha mão,
Hoje quem leva sou eu,
Guardado no coração.
Tão breve é essa vida,
Que nem revela a verdade,
Já se aproxima a partida...
Só o que sinto é saudade!