A cuia morena queimada,
Do beiço largo e aberto,
Espera a bomba de prata
Em um abraço completo.
Em um ritual quase sagrado,
Derrama-se o mate amargo.
A mão em concha, o agrado,
E o beijo do primeiro trago.
O gaúcho cisma sozinho
E olha longe a campanha.
Com o poncho faz o ninho
E só o peito sabe que ama.
Lá fora o potro tobiano
Descansa o lombo liso,
E o sopro do minuano,
Apita e manda o aviso.
Se espalha o frio no vale.
Onde estaria a chinoca?
Talvez tecendo um xale,
Fiando as linhas na roca.
A cor da cuia morena...
A mesma pele charrua,
O tilintar da chilena...
E a luz dourada da lua.
O gaúcho espera e sonha,
E o sonho repõe o vigor.
O aperto do peito acalma
E entrega-se firme ao labor.
E numa tarde dourada,
Com o tobiano na trilha,
Voltará para a sua amada
A linda flor das coxilhas.