Um amor forte e discreto,
Nas brumas cegas crescia.
Mas, um coração inquieto,
Se aquietar já não podia!
Batia até descompassado
A cada vez que ela partia.
E ele de tão enamorado,
Só apanhava e não batia.
No outro peito, porém,
Morava uma alma fria,
Que não amava a ninguém
E em nada correspondia.
De flores, foi uma florada,
De poesias, um cancioneiro
E os elogios para a amada,
Cobriam o mundo inteiro.
A outra alma, inclemente,
Nem caso disso fazia,
Nem pela lágrima quente
Que pelo rosto escorria.
Por fim se esfriou no peito,
A chama que outrora ardia.
Nem tudo na vida há jeito,
Nem todo amor é poesia!