MEIA-NOITE

Ontem no meu quarto era meia-noite

O lobo e o diabo vinham me espreitar

Numa janela baixa toda carcomida

Pela ação do tempo e o vento em frente ao mar

Eu estava escrevendo uma carta linda

Para uma donzela a quem sabia amar

Uma carta com palavras negras, em branco e cinza

Que contava um pesadelo o qual fez-me acordar

E a meia-noite passou como o voo do abutre

E a meia-noite passou como um uivo em meio a escuridão

Ontem no meu quarto era meia-noite

Um vulto encapuzado veio me assustar

Ouvi gritos e vozes mortas que diziam

Não pare de escrever ou vamos lhe buscar

Repentinamente veio a tempestade

Com ventos, com estrondos, também com clarões

Eu terminei a carta e descansei um pouco

Brincando com mentiras e com maldições

E a meia-noite passou como o voo do abutre

E a meia-noite passou como um uivo em meio a escuridão

Ontem no meu quarto era meia-noite

Alguém bateu à porta e eu fui atender

Havia um cadáver todo ensanguentado

Que o lobo e o diabo estavam a comer

O lobo e o cadáver arrastei pra dentro

Mas o diabo vi fugir sem direção

E perguntei ao lobo qual o seu destino

Ao que me respondeu: um novo coração

Tartari
Enviado por Tartari em 31/01/2020
Reeditado em 24/02/2020
Código do texto: T6855014
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