( Poesia Melodiosa - HH055 ).
O galo sacolejou asas,
Cantou alto, leve, solto.
O sossego foi às favas,
Soou outro, mais outro.
Se espalhando pela vila,
Olhares, por linda aurora.
Mais um dia sorve sina,
A senha de hora em hora.
Levanta-se, o descansado,
Polindo-se, cabeça aos pés.
Veste-se no jeito, asseado.
E nutrido com pão no café.
Uma sacola, à tiracolo,
Rala, mas já de quebra galho.
Avante, tem mais solo,
Ao posto, de se ater trabalho.
Chegando, registra cartão,
A pedido, lhe sobra a lama.
Sujado, pois terá quinhão,
À vontade, por quem ama.
Martelo, a repicar no prego,
Profissão, da hora, ajeitado.
Ainda é de melhor emprego,
Neste ofício, se faz honrado.
Meio-dia, ecoa a sirene,
Novo gás, de boa refeição.
Energia na luta perene,
Marmita, no arroz e feijão.
A hora não passa, voa.
Um descanso sem a digestão.
Mestre, sua voz entoa,
Com as ordens em cada mão.
A tarde cai, demorada,
No suor do trabalhador.
A tarefa desmoronada,
Aos vistos do reparador.
Errar é normal, é humano,
Quanto a felicidade do povo.
Qual festa, no fim do ano,
Põe a graça, repete de novo.
Por findo, na recuperação,
A tarefa teve êxito, prumo.
Sol triste, se indo da ação,
Visa, seguindo outro rumo.
Retoma seu caminho, de casa,
Arcado, cansado e com fome.
Sacode, tira poeira em massa,
Da lama que do corpo, some.
Novo amanhã, a mesma correria,
Repetir-se-á, com muita certeza.
Guardar-se-á de força, a energia.
Onde se estrutura, em fortaleza.
Mas, repete-se mês a mês,
A necessidade, do operário.
Que para o patrão é a vez,
De pagar, no miúdo salário.
Recebe o seu pagamento,
Qual os ventos na poeira.
Dívida assunta tormento,
Sugam trigos da peneira.
Não triste e nem contente,
Prossegue, assim, por luta.
Pois é a lenha do batente,
Instante que tem permuta.
Vida não deixa de ser bela,
Faz liga com luz, na emoção.
comanda a sina, essa fera,
Enquanto amor for coração.
O sorriso vigora na esperança,
Nos pingos que pedem, atenção.
Igual adejo, da meiga criança,
Que sorri tão bela, por diversão.