O APITO
De Jota Garcia e Erick von Sohsten
No tempo!
No tempo de Noel compositor,
No lápis e palel, no gravador,
Poemas eram puros
Como a flor.
Num samba
De um velho LP da Odeon
Falou de três apitos, deu o tom,
Um Deus da música
Em seu pantheon.
Jamais esquecerei
A bela melodia do samba-canção
E a letra que dizia
Nos versos que marcaram
O meu coração
“Quando o apito da fábrica de tecidos
Vem ferir os meus ouvidos
Eu me lembro de você.”
E hoje na velhice,
Veio a esquisitice
De um som no ar,
Parece o apito de Noel
Na minha mente sem parar.
Toda noite é mal dormida,
Parece um clarim,
Acabou com minha vida
Num silvo sem ter fim.
Chegue aqui seu doutor,
Me devolva a razão,
Vem cessar o assovio
Que me expulsa do colchão,
Vou perder meu emprego
E a saúde também,
Vou acabar largado
Sem ninguém.