Tô num beco sem saída,
Num navio de partida,
Me levando ao alto mar.
Sou a lua vadiando,
Sou o sol me abrasando,
Sou um peixe a afogar.
Tô num beco sem saída,
Sou a dor muito doída,
Sou castigo sem perdão.
Sou perfume sem aroma,
Sou insano condiloma,
Sou o ano sem verão.
Tô num beco sem saída,
Sou pessoa mais sofrida,
Que já pôde existir.
Sou poeta sem poema,
Toda vida fui dilema,
No meu ir e no meu vir.
Tô num beco sem saída,
Minha vida está perdida,
Sem destino e sem rumo.
Neste minha sapiência,
Tenho muita consciência,
Esse impasse eu assumo.