Por que você quer se expor, quando não se vê no espelho?
Por que busca escutar, mas não segue um conselho?
Por que você busca a sabedoria, se nunca utiliza?
E por que você pega na mão, mas no fim hostiliza?
Por que se mostra pra tantos, mas seu rosto é sombrio?
Por que buscas um mar, quando se bastas com um rio?
Por que procura a tempestade, se gosta de calmaria?
Por que você aceita trabalhos que nunca queria?
Por que você busca o perigo, se odeia o risco?
Porque faz na vida uma cena, onde só tem um rabisco?
Por que você busca esse todo enorme, se você é pequeno?
E por que você finge que dorme, quando te dão veneno?
Por que você busca aventura, se nunca aproveita?
E por que acredita em gente, de coragem suspeita?
Por que você busca esse sonho, se nunca o segura?
E por que esse enorme desejo, se a verdade é dura?
Por que você anseia o amor, se nele não acredita?
E por que só “viver de paixão”, você nunca cogita?
Por que você busca a beleza, se dela morre de ciúmes?
E por que você não questiona, todos esses costumes?
Por que você aceitou ter filhos, se achava uma prisão?
E por que colocou nesse ter, a realização?
Por que você só visa dinheiro, se não sabe nada de alegria?
E por que devora tanto ódio, se morre de azia?
Por que você anda tanto, se não sabe o caminho?
E por que você nem descansa quando está sozinho?
Por que toma tanto remédio, se não sabe sua doença?
E por que quando vai ao médico, não questiona a descrença?
Por que você sorri por educação, quando esconde o seu pranto?
E por que ‘inda usa essa máscara, pra mostrar que é santo?
Por que você busca o encanto, quando desconfia?
E por que narrar com mentiras, sua biografia?
Por que você se embriaga, se não adianta fugir?
E por que tanto vício impensado, para se destruir?
Por que você não demonstra fácil os seus sentimentos?
E por que você foge de si, e dos seus momentos?
Por que você só reluta, em abrir sua alma?
E por que não buscas, lá dentro, algo que te acalma?
Por que você mesmo insiste, quando sabe que não é mais certo?
E por que esse coração se fecha quando deveria estar aberto?
Por que você desistiu, quantos tantos insistiram?
E por que você caiu, quando todos partiram?
Por que você se intimida, quando tem tanta certeza?
E por que acredita no feio, quando tem só beleza?
Por que você silencia, mas não escuta sua voz interior?
E por que a vida irradia, mas não te dá mais calor?
Por que você se esconde na sua face de plástico?
E por que você alimenta esse projeto cáustico?
Por que você sente saudade do que satisfazia?
E por que alimenta, tão tanto, essa alma vazia?
Por que você vive no claro de olhos fechados?
E por que o sentido da vida não foi mais achado?
Por que?
Por que?
Por que?
O que você busca ou perdeu na sua verdade?
O que ganha e anseia com essa maldade?
E o amor que era seu, se perdeu em qual contrário?
Suas indagações, não criarão seu cenário?
O que você enseja na realidade pura?
O que ganha e anseias com essa amargura?
E por que não libertas da tua armadura?
Pois só a chama da verdadeira verdade cura.