A POEIRA E O VENTO
Na rua dos ventos
onde as borboletas abrem suas asas
onde a paz de uma folha branca
toma formas de uma flor e renasce da luz
desnudando restos de tempestades,
sinto os sete fôlegos do crepúsculo
envolvendo o mundo e decifrando seus segredos.
Nesta rua diminuta e empoeirada
indiferente ao tempo onde as núvens
recolhem seus apetrechos e seus trovões austeros
surgem sonoras notas de saudade em redemoinhos vermelhos
de uma poeira triste e pegajosa
recobrindo a carne nesta planura
onde o fluxo e refluxo do amor se faz ausente.
Mas os gritos e as risadas ainda ecoam pelas calçadas
resguardadas pelo limo
salgando passos e consumindo distancias
alimentando casa/bocas, famintas de todo beijo
de toda ternura e de todo amor,
porque naquela rua e naquela hora
tudo era lícito, inclusive viver e amar.