Nada que se escreve é pleno
as letras esculpidas são feitas de medo
mas o rosto que me fala
é o que me mostra o espelho
e fala como a dizer um segredo
O vento não faz dançar a areia
na praia branca dos teus olhos negros
onde ondas estraçalham rochedos
onde a dor do amor permeia
Amo-te... Oh Deus! no limite das
minhas fronteiras
doí-me a perda do entardecer
a agonia que viria com a lua cheia
que desaba alvissareira no estertor da manha
Amo-te... Oh Deus! fere-me quando te leio
no tremor das aguas turvas
tecidas na roca de fiar
como um sol que se dilui e se curva
no contorno dos teus lábios vermelhos
assoprando o ar