Trovoada de chuva braba
Assustava toda a manada
Antes até do primeiro pingo
Com o céu parecendo pasto
Até que caiu a anunciada
Por cima de todos os telhados
E encheu as cisternas
De todas aquelas casas
Que formavam um povoado
Com muitas famílias
Quintais com galinhas
E umas cabeças de gado
Passada a chuva que limpa
Com toda a terra lavada
Coloriu-se o estreito cenário
Com a revoada de Monarcas
Umas borboletas compridas
Aladas com asas pintadas
De amarelo e, de preto frisado
O resto da chuva deixou poças
Pouco profundas e por todo lado
Que as mulheres contornavam
Para não sujarem as saias
Enquanto os vaqueiros pisavam
Com os saltos levantando água
Espalhando lama, p'ra um e outro lado
Algumas crianças brincam
De jogar pedras nos buracos
P'ra espirrar daquela água suja
Nas roupas de quem passa
Mas a chuva logo passou e se foi
Levada para bem longe
Pelos raios do Sol morno
Que do horizonte se fez dono.