Não sei se você, assim como eu, não tolera mais, para não dizer outra coisa, esse assédio mental da incessante promovido pela propaganda das BETs.
A qualidade destes anúncios veiculados principalmente na TV, até mesmo a paga, é de fazer chorar, e esse sofrimento fica ainda maior em função da exagerada frequência de veiculações.
Preocupados com a estagnação nas vendas, o setor varejista se cotizou para bancar uma pesquisa que pudesse dar alguma luz sobre os motivos da persistente calmaria no consumo.
O resultado do estudo não poderia ser mais surpreendente, principalmente entre potenciais consumidores das classes C e D, e o pior, estamos diante de um vilão quase virtual, mas desfrutando de um apelo que mexe diretamente com imaginário popular, a possibilidade de ganhar dinheiro fácil. Mas que na realidade, se transforma em agente que avança não apenas sobre as sobras do orçamento, interfere diretamente nas despesas fundamentais. Em alguns casos, gerando endividamento daquele tipo sem volta.
E o apelo às apostas tomou conta do futebol brasileiro, não existe mais clube que não carregue em seu uniforme em primeiro plano, um desses muitos sites internacionais de aposta. Nos estádios, agora denominados equivocadamente de arenas, a propaganda resplandece em perspectiva na linha de fundo e nos luminosos painéis que circundam a cancha.
Um estudo do Ministério da Fazenda, através da Secretaria de Prêmios e Apostas - SPA, nem sabia da existência desse bizarro ente federal, que calculou em R$ 100 bilhões a movimentação dessas casas de apostas em 2023 e estima para esse ano um acréscimo de 30% no total de investimentos nessa modalidade de aposta, um montante de R$ 130 bilhões.
Então, o governo federal encaminhou para votação nas duas casas, projeto de legalização dos jogos no país, afinal, se o dinheiro que está saindo exclusivamente para sites internacionais, poderia muito bem reduzir o histórico déficit orçamentário.
A ideia inicial seria montar um cadastro nacional de atletas do acaso, para de alguma forma controlar o acesso às casas de apostas, e também promover maciça campanha de conscientização em relação aos malefícios do jogo.
Alguns senadores e deputados estão gostando dessa ideia do executivo, pois não falta parlamentar precisando lavar dinheiro, quem ainda se lembra dos anões do orçamento, que eram pequenos apenas na altura, mas gigantes na compra de cartelas premiadas para justificar seu inacreditável enriquecimento repentino.
Agora, vamos precisar aguardar toda essa burocracia ser vencida, para posteriormente saber se a estratégia adotada vai conseguir efetivamente atingir os objetivos iniciais.
Mas de antemão não acredito que essas ações sejam capazes de suplantar as facilidades disponibilizadas por esses jogos on-line, que permitem, que sentado na poltrona de sua casa, faça sua fé pelo celular.
Agora, só nos cabe esperar que essa legislação não crie apenas mais uma opção de apostas.