Chaca-taca, chaca-taca,
Piuí, se ouve o trem
Fumaça solta, lá vem
Desacelerando, empaca,
Range ferro, freia, atraca.
Na Estação, brasa espalha,
Não se perde, nem se empalha,
Limpa-trilhos abre caminho,
Da garagem faz seu ninho.
Lembranças vêm de Barbalha.
A Banda Municipal
Pelas ruas desfilava,
No coreto então tocava
As retretas sem igual,
Marchas, maxixes e tal.
Se a memória não me falha,
Fazia tudo que o valha.
Pra ver a banda passar,
Ir atrás, cantar, dançar.
Lembranças vêm de Barbalha.
No Seo Almeida ia comprar
Doce de leite ou banana.
Comer mel ou chupar cana
Lá no engenho e, a se fartar,
Quebra-queixo saborear.
Se a memoria não me encalha,
Alfenim, batida em palha,
Baião-de-dois com pequi,
E doce de buriti.
Lembranças vêm de Barbalha.
Pras tardes quentes, lá tinha
Picolé do Zé Quental,
Não havia outro igual.
Maçã pera, uva fresquinha
Ou sorvetes de casquinha,
Qual na bigorna o ferro malha
O pass'o ferreiro talha
Seu canto triste em gaiola
Na mercearia e um gola.
Lembranças vêm de Barbalha.
Dominó, dama, gamão
Na esquina ou praça a jogar,
Pra ver o tempo passar,.
Firo ou conflagração,
Perder ou ser campeão.
Pra um bom futuro sem falha,
Com afinco e ardor trabalha,
Poupa tudo até o lazer,
Fé na sorte vai fazer.
Lembranças vêm de Barbalha.
As boas festas do ano
Nós dançamos no Cetama,
Do município, tem fama,
Do padroeiro, haja pano.
Divertia-se, sem engano.
Do estudante, a festa espalha,
Da cebola, desencalha.
De lá, guardo a emoção
Dentro do meu coração.
Lembranças vêm de Barbalha.
Dos educandários, guardo
O aprendizado, o ensino,
A pureza de menino,
Do adulto, o saber, fardo,
Me sentindo um felizardo.
Memórias aninho em malha
O que é de bom que me valha,
Colegas, amigos, parentes,
Até mesmo os aderentes.
Lembranças vêm de Barbalha.