I
Vou falar sobre a vida
Do pobre do agricultor
Como ele é sofredor
Morrendo nesta tal lida
Vendo a roça perdida
Lá dentro de uma floresta
Só sofrimento lhe resta
Desprezo e amargura
Essa tal de agricultura
Nada hoje dela presta
II
O que planta não dá nada
Milho arroz e feijão
Espera pelo algodão
Vem em junho a tal geada
Faz cair a caçulada
E a futura safra não presta
Não lhe sobre nada desta
Só sofrimento e tortura
Essa tal de agricultura
Nada hoje dela presta
III
Vai para banco falar
Algum dinheiro arranjar
No momento é uma canja
Danado é para pagar
E o banco manda chamar
Corre pensando que é festa
Porém se torna em malesta
Lá no banco desconjura
Essa tal de agricultura
Nada hoje dela presta
IV
Todos vão fazer a carteira
Bota no prego o que tem
E que agora vai bem
Aprumou sua carreira
Entra em toda bebedeira
Que a vida boa é esta
Não perde mais uma festa
Tudo pra ele é doçura
Essa tal de agricultura
Nada hoje dela presta
V
Depois o banco avisa
Sua conta não esqueça
Ele então coça a cabeça
E fica rasgando a camisa
E o banco diz que precisa
Ou seu contrato protesta
Ele passa a mão na testa
Já no ponto de loucura
Essa tal de agricultura
Nada hoje dela presta
VI
Porém dizer a verdade
Nunca merece castigo
Eu digo a todo amigo
Que é uma infelicidade
Ver logo a realidade
E o tal dinheiro detesta
Tendo sua vida honesta
Fala com a verdade pura
Essa tal de agricultura
Nada hoje dela presta