Essa música caipira, na verdade um cateretê, retrata uma partida de alguém para a cidade grande deixando entre reflexões abraçando a família, amigos lugares animais e o modo de vida dali toda existência vividos até ali. Mas é preciso ter noção do que seja é um cateretê, e um ritmo de música tocado na viola e o mais conhecido é o de um clássico da música sertaneja composta por Angelino de Oliveira, 1888/1964 gravado em fonograma (disco de acetato, antecessor do vinil) no ano de 1918 “Tristeza do Jeca” que foi sucesso nas vozes de Tonico e Tinoco. E celebrizado em regravações de vários artistas. É onde a gente empresta chances para a continuidade do Gênero ao compor músicas usando tal ritmo.
A melodia e a poesia que emprega esse ritmo caipira é melhor aproveitado com tons melancólicos já que arrasta um aspecto saudosista e rebusca em versos, épocas passadas. É onde, tanto na primeira vez do Angelino como no cateretê “A mão do tempo”, de Tião carreiro e Pardinho para tungar outra letra famosa, ou esse com letra inédita, que me dispus a compor e a todos apresento cantando, tem a verve dolente passeando em sintonia com as cordas da viola. Ouçamos portanto.
ÊXODO RURAL
Botei a mala no chão, da estação rodoviária
Era dia de partida, fugir da lida diária
Meu velho pai no salão, mudo me olhava triste
Sofre o seu coração, mas atrás da emoção
Teimoso ainda resiste.
Um sanduiche enrolado, no papel do armazém,
Feito por minha mãezinha, que sempre me quis tão bem
Pediu-me que escrevesse, e orasse muito também,
Eu estou indo embora, melhorar o ganho lá fora
Buscar o que aqui não tem.
Pelo aberto do pátio vi o pasto que secou
E a rua da minha escola, tristeza em mim juntou
Minha camisa surrada, que minha tia engomou,
É preciso andar na linha, afinal um nome eu tinha
Mesmo não sendo doutor.
Com qualquer um que sai, da terra do coração
Atrás de vida melhor, partida aumenta emoção
Mas, quero voltar trazendo, muita fartura. Então,
Minha gente peço a Deus, para cuidar bem dos meus
Ninguém faça judiação.