Havia balões
fogos, fogueira e milho verde...
São João.
Naquela noite
o povo simples da roça,
na praça da estação,
desfilava a roupa nova
a namorada e o coração...
Naquela noite
apareceu no meu portão
um homem sofrido de chapéu de palha
e de mulher gasta...
Eram um sorriso só.
Sorriso de poucos dentes,
mas tão simples
quanto o das crianças.
A dor do Abdias
sufocava seu riso
e vestia a roupa antiga.
Aquela dor
nunca saiu do meu portão...
A não ser pra morrer,
onde continua doendo...
Sorria Abdias!
Aproveite a noite de São João.
Mas sorria contrito...
O seu descanso
-outra dor-
esconde a dor das células que doem.
-Sorria Abdias!
-Chore Abdias!
-Sorria Abdias!
-Chore Abdias!