CANTIGA PARA JUQUINHA ( TAMBÉM EM AUDIO)
CANTIGA PARA JUQUINHA
Jorge Linhaça
Levanta e toca, sua viola, o menestrel
entra no palco e começa o borburinho
se suas palavras parecem destilar fel
é por que é duro se sentar nesse banquinho.
O seu nariz , não se enrosca na modinha,
nem o impede de guiar o seu jaguar
ainda pergunta: "por quem sonha Ana Maria"?
Por certo sonha em comer seu caviar.
O sol que arde, toda tarde, em itapuã,
é o mesmo sol que brilha lá pela manhã.
Se toca bardo, o seu sonoro instrumento,
e a modinha vai compondo, apaixonada,
ou se a sátira vai surgindo de momento
do fomento dessa plebe escravizada.
Se a piada sai da boca, anasalada,
com o deboche que lhe é peculiar
Cai a platéia, em sonora gargalhada
em ondas fortes como fosse o bravio mar.
O sol que arde, toda tarde, em itapuã,
é o mesmo sol que brilha lá pela manhã.