SONETO PARA NÓS DOIS
Aos dedos da brisa os meus entrelaço,
Encosto meu rosto à face do vento...
Num beijo ardente, mágico momento,
De teu hálito inspiro da noite o mormaço!
Do anoitecer até o início do dia,
Em louco desejo que a tudo invade,
Surfando em ondas com uma ventania,
Fazendo amor com uma tempestade!
Tu foste a brisa, paz e acalento,
Também foste o vento trazendo-me alento,
Quando ventania, me atiçou inteiro!
Tua tempestade aplacou meus desejos,
Em doce paixão, em gemidos e beijos,
Num amor sem limites, belo e verdadeiro!
(Francisco de Assis Góis)
(Reeditado e adaptado para o dueto)
AUSÊNCIA
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos
Mas eu te possuirei mais que ninguém porque poderei partir
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
(Vinicius de Moraes)
Ouça também a declamação na página de audio abaixo.
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Honra-me a interação do poeta marciusantos.
Amor é brisa
Paixão é ventania
E não ameniza
Depois que inicia
(marciusantos)