Estendo sobre o varal farpado do vento, sob a noite estanho
e molhada, uns dos meus versos confusos e momentâneos
que, mesmo pesados, decolam leves e sobrevoam este agora
dos poros que se molham na ânsia instável de como devoram
— além da paz — a alma tremida: esta dor fluída, e contida,
que esquenta e esfria por entre as vielas roxas das vísceras.
Vejo a inércia das horas e os ponteiros que somem do relógio
anti-horário que não presta mais, pois já rompeu sua órbita.
No caixão mole da cama sofro espasmos no hall da espinha
e no susto eu sinto aquele nó invisível e veloz de uma asfixia
que vem e mora. Corta e voa. Volta e sangra. Vai, mas fica.
O poema não anuncia a quase meia-noite que se aproxima.