AS COISAS



Não sabes dizer tais coisas
Que sei dizê-las demais.
Sabes de mim tantas coisas...
Não as saberei jamais.

Sabes demais tantas coisas...
Nunca as poderei saber
Nem me poderão valer
De ti as caladas coisas.

Não me poderão valer
As tão sempre vivas coisas
As sempre tão vivas coisas
Que sempre me hão de valer.







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Ate que eu me salve... Ate que te salves...




Cada vez mais antiga
cada dia a mais
de lugar ignoto
de patria ignota
cada vez mais

para tras
para tras
para tras...

continente
cada vez mais
a perder de vista
a perder de tato
a perder de olfato
a perder de gosto
a perder de Lingua
a perder de memoria

radio cosmopolita
desde o paleolitico

neste aqui de repente
outro aqui
outro agora
outra palavra nenhuma

ate que eu me salve...
ate que te salves...

enquanto espero a chegada
do teu livro
como bote salva-vidas
verbo mais recente
da tua lavra

sempre a lavra primeira
jamais a derradeira
este verbo derradeiro
sempre a primeira
colheita minha
de ti.


21 de maio de 2020.