No último suspiro do último homem
Há um terror que nos consome
Na última noite do mundo
Tem algo de tão profundo
No relance do último minuto do crepúsculo
O tempo parece minúsculo
O instante entre a expectação e a razão
O movimento final da criação
O que nos reserva o último ato?
Está escrito em algum contrato
Não espere muito de si e do mundo
Que já não lhe parece tão fecundo
Com dores de parto muitos partem
Alguns em pranto outros em canto
Todos sem ver o nascimento
Já não tememos tanto nossa própria ausência
Quando lembramos da ausência do mundo
O destino do homem do mundo
Está atrelado ao destino do mundo do homem
Mas não todos os homens
Pois nem todos são do mundo
E nem todos os mundos
Pois nem todos são dos homens