JACARÉ DE PAREDE
Quando chega à noitinha,
Lentamente aparecem,
Nunca andam sozinhas,
A festa então acontece.
Lagartixas desconfiadas,
São jacarés de parede,
Sobem e descem assanhadas,
Chamadas de barriga verde.
É um tal de corre corre,
Basta passar um inseto,
Se bobear ele morre,
É a lei do mais esperto...
Elas ficam de tocaia,
Prontas pra dar o bote,
Até na planta samambaia,
Só se salva quem tem sorte...
O cardápio é variado,
Muriçoca e percevejo,
Quase sempre são cercados,
Saciado o desejo.
O meu pai me explicou,
Que elas são amigas,
Até nos faz um favor,
E por isso ninguém liga.
Deitado na minha cama,
Sempre fico assistindo,
Às vezes mamãe reclama,
Querendo que eu esteja dormindo.
Mas no fundo é o medo,
Um dia apontei o dedo,
Uma me olhou sorrindo!..