E quando a noite chega à vida
eu temo que amar teu negro manto,
ira fazer-me olha-la dividida
e desprezar todo o teu encanto.
Mas apesar dos pesares eu amo
teu negrume aveludado e macio
que estremece a carne, mas como
a noite é um caminho oco e vazio,
larga-me no tempo e nas aspirais
do desengano, neste eterno balanço,
aonde eu gozo gozos sem iguais
e me embalo no seu suave remanso
embevecido por sombras e luzes
que se intercalam em eternos finais.