A FLOR NEGRA
Deram-me uma flor, negra, calada
Dois leves toques em seus espinhos
"Tum" --- acordou, de mãos atadas
Nas ondas de um intenso desatino.
Caiu na areia, sentou-se arretada
Breve, iria embora, faltava pouco
Esperava o sol esvair, e na noitada
Atreveu-se a pensar a meter o louco.
Roupa Nova, "Whisky a Go Go", dançou
Gargalhava a plateia de seus passos
Chorou, calada, e demasiado apertou
Suas pétalas franzidas de cansaço.
Retornou a areia, enxuta, prostrou-se
Quatro espinhos serviram de equilíbrio
Derramou, duas gotas de olhos doces
Tornou-se, além de tudo, sem destino.
- Francielly Fernandes
- 19/02/2019