ViniciosDeMoraes-ChicoDoCrato-AbruscaPoesia...

ViniciosDeMoraes-ChicoDoCrato-AbruscaPoesiaDaMulherAmada

ViniciosDeMoraes-ChicoDoCrato-AbruscaPoesiaDaMulherAmada

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ChicoDoCrato, Música, Voz, Violão, Sintetizador, Arranjo,

Mixagem e adaptação do poema de Vinicius de Moraes(*)

Audacity, 000 Ritmo 057+70 em Ré+. Gravação caseira. Gravar em estúdio.

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Minha mãe, alisa de minha fronte todas as cicatrizes do passado

Minha irmã, conta-me histórias da infância em que eu haja sido herói sem mácula

Meu irmão, verifica-me a pressão, o colesterol, a turvação do timol, a bilirrubina

Maria, prepara-me uma dieta baixa em calorias, preciso perder cinco quilos

Chamam-me a massagista, o florista, o amigo fiel para as confidências

E comprem bastante papel; quero todas as minhas esferográficas

Alinhadas sobre a mesa, as pontas prestes à poesia

Eis que se anuncia de modo sumamente grave

A vinda da mulher amada, de cuja fragrância Já me chega o rastro.

É ela uma menina, parece de plumas

E seu canto inaudível acompanha desde muito a migração dos ventos

Empós meu canto. É ela uma menina

Como um jovem pássaro, uma súbita e lenta dançarina

Que para mim caminha em pontas, os braços suplicantes

Do meu amor em solidão. Sim, eis que os arautos

Da descrença começam a encapuzar-se em negros mantos

Para cantar seus réquiens e os falsos profetas

A ganhar rapidamente os logradouros para gritar suas mentiras

Bis no final

Mas nada a detém; ela avança, rigorosa Em rodopios nítidos

Criando vácuos onde morrem as aves.Seu corpo, pouco a pouco

Abre-se em pétalas... Ei-la que vem vindo Como uma escura rosa voltejante

Surgida de um jardim imerso em trevas. Ela vem vindo... Desnudai-me, aversos!

Lavai-me, chuvas! Enxugai-me, ventos! Alvorecei-me, auroras nascituras!

Eis que chega de longe, como a estrela De longe, como o tempo A minha amada última!

(*)*Optamos por acrescentar o número ao título, a fim de diferenciar este poema

de outros dois que trazem o mesmo nome: “A brusca poesia da mulher amada”.

O primeiro apareceu no livro Novos poemas (1938) e o segundo em Novos

poemas II (1959).

ChicoDoCrato e Vinicios de Moraes
Enviado por ChicoDoCrato em 30/10/2018
Reeditado em 30/10/2018
Código do texto: T6490512
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