Entre a boa gramática
e a “Magramática”,
senhora reta e irredutível,
eu fico com as interrogações,
e fundo a decepção com a curiosidade;
mas esse fenômeno ainda não é a crase,
e o acento tampouco o grave.
Às respostas eu vou,
pois nem sempre ser correto
é apropriado,
e ser apropriado
nem sempre é correto.
Uai, sô! Que trem complicado,
tal qual saber se o período é subordinado
ou se ele é coordenado.
Já ouvi gente falando feio,
que fez parecer bonito,
até foi aplaudido.
Nas canções isso é comum.
Percebes, Dona “Magramática”,
que falar feio pode ser bonito
e escrever feio pode não ser errado?
Pois é, na dúvida,
eu ponho entre aspas,
e, destarte, me sinto perdoado.
Com tão rica língua,
“somos poliglotas
em nosso próprio idioma”,
e ser poliglota é necessário.
O importante é entender
e ser entendido,
pois já falei correto
e não fui compreendido,
e, quando falei errado,
fora repreendido.
Por isso o melhor é ser
um poliglota oportuno
do que um linguista olvidado.
Quando escrevo
tento fazê-lo bem.
Tento ser casto,
fiel à santa Gramática,
temeroso à “Magramática”,
porém ela não se basta.
Os seus “donos” não têm consenso!
Quem dirá eu!
Fôrmas e pré-formas
não me moldam.
Logo, quando escrevo,
procuro ser adequado
e não me prendo;
porquanto as regras sejam boas,
às vezes,
elas não transmitem o recado
e podem não me permitir
ser quem eu sou
para ir além.
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Poesia inspirada pelo estudo da "Sintaxe da Língua Portuguesa", por algumas "Bancas Examinadoras de Concursos" e pela genial "Sintaxe à Vontade" de "O Teatro Mágico" ( https://www.youtube.com/watch?v=x71Oy7bH6o8&list=PLehAGnS2enAmiG9RSGDOzF-j8LJlh7Qrh&index=4 ).
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Para essa poesia eu fiz um áudio vestido pela música "Eine kleine Nachtmusik KV 525, Allegro - do Mozart, interpretada pelo Gewandhausquartett. Convido a todos os amigos e amigas a ouvirem-no, clicando no link logo abaixo. Desde já o meu muito obrigado!