Abrir a janela e rever o mundo em sua luz e sua verdade, a cidade acordando, mesmo que se esteja morto por dentro, sem cobranças ou esperas, o rápido conforto de que tudo deve passar , um repentino auto-controle e um frio que afasta o enjôo da solidão.
A dor do abandono, um café e o ponto inicial ,o singular dentro de um plural ,e uma cidade com seus pequenos dramas urbanos , imperceptíveis a olho nú, correndo a cada segundo , pulsando e mantendo vivo o coração da metrópole.
Como vestir-se pro jantar é como buscar força na depressão humana, como não morrer quando o coração teimosamente bate, mas a alma já parou . A própria palavra, consciência viva, retornar a algum ponto , de algum lugar onde já se esteve, numa espécie de "dejavú" , falar consigo mesmo em busca de respostas nebulosas que não se completam. A vertigem da solidão .
Recobrar e se segurar a alguma coisa que faça sentido, uma música que se começa a assobiar, a lembrança de um menino que corre no pátio do colégio, um som que vem da rua ...a esperança.
Abro a cortina da janela,
Vejo a cidade ao acordar
E o arco-iris que desponta,
Me diz que a chuva vai passar,
Vou pro chuveiro ainda tonto
Tomo um café pra despertar
Como se sente um abandono
Como vestir-se pro jantar
Falando alto para ouvir-me
Pra minha voz não se apagar
Me vem a mente uma cantiga,
Que eu começo a assobiar
São os acordes de uma vida
Que ainda preciso ensaiar.
Canção esta da minha autoria, datada de 25/02/2009.