Estou sempre a divagar.

Publicado por: Aragón Guerrero
Data: 15/03/2018
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Créditos

Da minha autoria, fiz esta canção para o meu lado distraído , imaginei o centro de São Paulo, e me vi caminhando enquanto divagava, me vendo nas bancas de revistas, nos jornais, nas vitrines com roupa bonita, um super herói dos gibis, um " pop star". A vontade oculta que todos nós temos de sermos especiais, porque na verdade somos.

Estou sempre a divagar

Esta canção conta a história de alguém que não entra na vida, por insegurança , o medo de enfrentar problemas, de se relacionar, de sair machucado, e sente-se como se o mundo fosse propriedade de todos, e não consegue entrar , mas se vê em todas as partes que os outros olham, nas vitrines, nos jornais, nas revistas , nas músicas do rádio...e divaga... As vezes também sinto este medo, mas me relaciono bem, apesar de sempre avaliar ambientes e pessoas , pois tenho recéio de gente , e entendo bem o nosso personagem, pois afinal eu sou o autor da canção e não poderia ser diferente.

" Estou sempre a divagar

Leio nas páginas dos livros

Nas revistas e nos jornais

Nas histórias em quadrinhos ,

E nas cançõe de um pop-star

Estou sempre a divagar

Estou sempre a divagar...

Achas que estou fingindo

Mas eu posso delirar

Um Quixote da cidade

Num intenso palpitar

Estou sempre a divagar

Estou sempre a divagar...

Me encontro nas vitrines

E pelas ruas a cantar

Sou um louco atrapalhado

Com direito a pensar

Que o sol nasce pra todos

E eu também quero brilhar

Estou sempre a divagar

Estou sempre ...a divagar...

Achas que estou fingindo

Estou sempre a divagar

Um poeta, um insano,

Com direito a brilhar

Que o sol nasceu pra todos

E eu também quero pensar

Estou sempre a divagar..."

A vontade de fazer parte palpita por toda a música, assim como a profunda insegurança que o deixa em divagação, onde o real e o irreal andam lado a lado, como a verdade e a mentira.

Um Don Quixote urbano, que carrega dentro de si a lucidez e a insanidade, com corajem para admitir os seus delírios, e clama pelo direito de ser, de pensar e de brilhar.

O livre arbítrio, que na prática é tão difícil de praticar , e tão necessário quanto o ar que se respira, a quebra de correntes que a sociedade tanto teima em colocar uns nos outros, a qual chamamos "sistema", por falta de uma palavra melhor.

As pessoas de alma livre sofrem mais, os puros, o poetas, os artistas , pois em troca de um dom, a genética os empurra para uma sociedade desigual , e para a incompreensão.

Pede espaço, ar para respirar, não se importa que o classifiquem, desde que consiga seus direitos, achando normal cantar pelas ruas, sem qualquer rótulo , e gostaria de poder dizer que também faz parte, que também é dono do mundo, que não o agridam com a ignorância, pois ele não faz mal algum.

Divaga nas canções que ouve, se vê com a roupa dos manequins da vitrine, com pessoas a admirá-lo, ou é o super-herói Marvel dos gibís, ou quem sabe até o assunto do noticiário matutino num grande evento. E nesses ecos é que divaga, mergulha na imaginação e se deixa levar.

Acordes pontilhados com base em "Si na sétima", pouco comum para início de canção, uso 1/2 tom para quebrar o "mantra" da monotonia, e fazer com que a letra seja o alvo da análise,

Os adjetivos como louco, insano, atrapalhado, querem dizer o contrário , é um "preste atenção" , e "veja-se" , " o que tenho é uma lucidez diferente, apenas isto".

A liberdade de expressão e a dificuldade da inércia, e o que a provoca, não ligar para os outros, porque afinal ninguem lhe paga as contas , não dar tanta atenção as opiniões, ser seletivo e se valorizar .

Foi a última composição do CD "Isla mía", mas nunca fiz uma canção para iniciar ou encerrar uma gravação, simplesmente acontece, é pura coinscidência.

Esta canção tem um toque de "fado", e foi involuntário, mas não é de estranhar , pois sendo eu um ibérico o som existe , está guardado de alguma forma na mente. Isto já aconteceu com o Alcéu Valença, quando compôs " O P da paixão", mesmo sendo ele um exelente compositor do folclore nordestino, fez um fado. Afinal a música não tem pátria, ela pertence a todos , nós é que temos.

O sol brilha para os que sabem pensar.

Aragón Guerrero
Enviado por Aragón Guerrero em 05/08/2014
Código do texto: T4911152
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