Como se fosse água
Que escorre pela mão
Acalma um pouco a sede
Muito cai sobre o chão
E segue teu caminho
Em outra direção
Onde sem resistência
Abraça outra paixão
Como se fosse prego
Cravado em minha mão
A cruz que eu carrego
Que não tem salvação
E que me cega os olhos
E não me deixa ouvir
Que me confunde o tato
E o meu discernir
Como se fosse ave
Indefesa em minha mão
Asas comprometidas
Carentes de atenção
Mas quando está curada
Só pensa em voar
Para novas aventuras
Outra mulata
Como se fosse rosa
Perfuma minha mão
Também me fere o espinho
Confusa sensação
E me inflama a carne
E impregna a pele
Acaricia e fere
Me faz rir e chorar
Como se fosse abelha
Ferroa minha mão
Também me põe na boca
O doce do teu mel
E que me escraviza
Como um vício bom
De me deixar mais bonita
Manchando o meu batom
Como o anel barato
Que puseste em minha mão
Marca esse compromisso
Que não te importa não
Em meio à madrugada
Em meio à embriaguez
Que raiva que eu tenho
Mas meus impulsos detenho
Perdoo outra vez...