A LONGA ESPERA
Os frequentadores do hotel estavam acostumados com a presença da mulher no saguão. Ao cair da noite, ela acomodava-se em uma das duas poltronas de veludo negro, perto da escadaria de mármore, segurando um bilhete. De vez em quando, repetia baixinho:
— Ele virá. Ele virá. Ele virá.
Ninguém aparecia. Naquela noite, atraído pela beleza da mulher, um dos hóspedes não se conteve:
— Quem você espera?
A mulher levantou-se bruscamente, e sem responder coisa alguma, seguiu em direção à escada enquanto o hóspede insistia:
— Quem é ele?
No terceiro degrau, ainda de costas, ela balbuciou:
— Eu não sei mais.
(*) IMAGEM: DELPHINE SEYRIG
em "O ANO PASSADO EM MARIENBAD"
DIREÇÃO ALAIN RESNAIS