Soneto Quebrado de Um Coração Partido
Um mar de sal distante, meus olhos embaça
ferido por rancores, seu amor fracassa
e agora o silêncio, minha erma praça
é o berço em que repousa esta alma lassa
Cansado do embate, o soldado se rende
a imagem se parte, e parte sem adeus
e fustigado meu amor não compreende
onde foram morrer decretos seus
Do alto desta senda o amor se fecha
se cala e se conforma lendo seu tratado
Partida minha flor por cega flecha
Não volte, não o prende mais meu coração
Do pouco que me deste eu deixo este legado
os versos tristes que derramo pelo chão
-000-
Interação do colega STELO QUEIROGA
Um soneto eivado em tristeza
Certamente voará para o além
Levará toda a dor e a incerteza
E a tristeza em suas asas também
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Interação do colega AleixenkoSeu legado causa-me tristez
Deixa meu coração partido
Tira da minha alma a leveza
Torna meu amor magma derretido
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Interação do colega Aleki Zalex EM PEDAÇOSEssa alma lassa que repousa ao ermo
ouve o silêncio dos amores fracassados,
e os rancores desses olhos embaçados
trazem à face o sal dum mar enfermo.
Teus decretos morreram, nem sei onde,
e eu nem pude compreender o teu adeus
fustigou-me o coração, levou-me aos breus,
fez-me soldado ferido que se esconde.
Ah! Cega flecha que mia flor lancina!
Triste tratado que ao meu amor estraçalha
na alta senda que não mais meu peito escala.
Não quero o teu retorno como sina,
Pouco me deste, e hoje a dor é quem me embala
nos versos tristes que derramo pela sala...
-000-
Interação do querido amigo Ferreira Estêvão, que muito enobrece o meu soneto
Meus olhos tristes estão por ti
A nostalgia embarga-me a voz
Mágoa por tudo aquilo que li
O amor cruel vai deixar-me a sós
Batalha inglória, ciúmes fatais
Um querer sem alento nem medida
Uma paixão esmagada pelos ais
De um querer e vontade destemida
Aquilo que se quis e sempre atesta
Prostrado, exangue e sem vida
Esvaindo a ternura que lhe resta
Se vai perdendo no pano da lida
Uma forte chama agora sem festa
Aos poucos marcará o fim da vida
-000-
Interação desta rainha linda, sempre prenhe de poesia, soltando esmeraldas em palavras por onde passa, a nossa Cristina Gaspar
Seu tristonho verso
Ecoa dentro de mim
Como um sentir reverso
Doendo um tantão assim
É dor que se resigna
Embora sofra na alma
Levanta e vai seguindo digna
Como forma de aliviar a alma
Dedilhado o terço das paixões
Tendo conhecido outra fase do amor
Sentido na pele o aperto de seus grilhões
Íntegra na sua essência e diretriz
Se conforma e contorna a situação
Virando a página com a doída cicatriz'
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Interaçao do amigo querido Poeta Olavo
Quem ama também padece
Porque o coração não aguenta
Alguma paixão que parece
Diminuir mas sempre aumenta.
ANÁLISE DO SONETO POR IOLANDA PINHEIRO
Foi um soneto feito em um momento de grande dor. A dor da perda precipitada de um amor imenso que um dia viria a ser, e foi prematuramente cortado.
Começaremos pelo título:
O soneto é quebrado porque não segue as estritas regras formais para a produção de um soneto, e de um coração partido porque saiu do coração em pedaços da autora.
Primeira estrofe:
Um mar de sal distante, meus olhos embaça
ferido por rancores, seu amor fracassa
e agora o silêncio, minha erma praça
é o berço em que repousa esta alma lassa
O mar de sal distante representa as lágrimas da pessoa que foi ofendida pelo seu amor, e fica ferida pelos rancores dele que se transformaram em pesadas críticas. Diante das palavras do seu amor, ela opta por calar-se e sofrer em silêncio, daí porque é no silêncio que sua alma cansada e ferida descansa.
Segunda estrofe:
Cansado do embate, o soldado se rende
a imagem se parte, e parte sem adeus
e fustigado meu amor não compreende
onde foram morrer decretos seus.
O soldado que se rende é o coração partido da moça, a imagem que se parte é a primeira impressão que ela tinha de seu amor, que ficou partida quando ele a tratou de forma rude. Ele parte sem adeus porque não chegou a por fim ao relacionamento, embora tenha interpretado o silêncio dela como um rompimento. Ela, por sua vez vive a perplexidade diante das palavras dele, e não sabe onde foram parar todas as declarações de amor feitas pelo homem que ama (seus decretos).
Terceira estrofe:
Do alto desta senda o amor se fecha
se cala e se conforma lendo seu tratado
Partida minha flor por cega flecha
A moça se isola em um local pequeno e solitário - sua própria dor, e pensa na mensagem que ele mandou (seu tratado) mas não o procura para confrontos. Calada e conformada com o fim, ela segue com a sua tristeza no coração feito em pedaços (partida minha flor) pela dor profunda e terrível (a flecha cega ao entrar no peito dá uma ideia de um dor maior).
Quarta estrofe:
Não volte, não o prende mais meu coração
Do pouco que me deste eu deixo este legado
os versos tristes que derramo pelo chão.
Na falta de um fim ela decide pelos dois. Fala que ele está livre para seguir a sua vida, mas o seu coração ainda pleno de amor, transforma esta dor que restou em poesias (versos tristes que derramo pelo chão).
Fim.