Vestido com uma longa túnica negra, o homem atravessou o estreito corredor entre as fileiras de assentos, entregando os jornais numerados aos passageiros. A vida dos ocupantes do trem estava impressa naquelas páginas. E a viagem marcaria não apenas o confronto, mas o fim da história vivida por eles.
O peso do silêncio tomara conta do vagão quando alguém soltou uma sonora gargalhada. Todos olharam para trás: na última poltrona, um sujeito lia entusiasmado. Ao notar tantos olhares em sua direção, o fulano disse, apontando para uma charge no jornal:
— Este aqui é o Diário da Cidade. Comprei lá na banca. Sabe como é, estava tão distraído que peguei o trem errado.
Um dos passageiros — matador de aluguel — retrucou, antes de desferir um golpe fatal no pescoço do sujeito: