A vida é foda,velho
mas se engana
quem pensa que eu não a quero.
A consciência de viver, de morrer
é o que desgraça o próprio ser,
as vezes nos pensamos imortais,
mas as vezes a casa cai.
Ai eu sinto quão a vida é incerta
caminhos escuros, rua indefinida
e tenho a estéril alma deserta
e sinto como é frágil a vida.
Eu tenho a impressão do abandono
como fosse eu um velho cão faminto
ninguém pode conceber o que eu sinto
terrível proximidade do eterno sono.
Meus olhos um dia foram estrelas
que brilhavam nas estradas da vida
hoje ja não brilham, opacas vencidas
seguem sem alma, vazias janelas.
Mas enfim sem medo
como um beijo nefasto
deixo um rastro neste rochedo
que jaz tão gasto
e preso ao chão
e não consegue mostrar-me o porquê?
a razão.
A terra ao meu redor se avermelhava
cuspia sangue, cuspia dor
cuspia gritos, horríveis ruídos
cuspia a vida, em um palco de horror.