Pier Paolo não queria ver seu nome envolvido naquele incidente. Com apenas um telefonema, o conde italiano conseguiu um médico de sua confiança para socorrer Eva. Se ela fosse atendida no hospital, a polícia seria chamada, haveria uma investigação e o escândalo estaria estampado nos jornais. Nada disto interessava ao conde.
Por um momento, Horácio pensara em convencer Pier Paolo a fazer a coisa certa. Mas mudou de ideia. Para o detetive, Eva escolhera seu destino. E quebrara a cara ao encontrar alguém que agia exatamente como ela: sem qualquer escrúpulo.
Apesar da considerável perda de sangue, o ferimento na coxa da misteriosa mulher havia sido superficial. Segundo o médico, Eva tivera muita sorte. Após a saída do clínico, Pier Paolo, Horácio, Martha e Judite ainda permaneciam em volta da cama. Mantendo o olhar fixo no conde, Eva pediu:
— Quero falar a sós com meu noivo.
Martha não se conteve:
— Noivo? Você ainda acha que tem um?!
Pier Paolo fez um gesto para que todos saíssem. Enquanto os três deixavam o quarto, Eva pensava em apenas uma coisa: era o fim. No entanto, para sua mais absoluta surpresa, ao ficarem sozinhos na suíte, o conde italiano — aos prantos — jogou-se aos pés da cama, dizendo:
— Não me importa o que aconteceu aqui. Não sei mais viver sem você.
Eva agarrou-se ao mais profundo cinismo e engoliu a gargalhada, antes de olhar para aquele homem desnorteado, com a expressão mais enternecida que conseguiria fingir.
NOTA DA AUTORA: Para melhor entendimento da trama sugiro a leitura dos episódios anteriores numerados por capítulos.