E me perguntam se sou poeta
Sou
posso dizer que sou
sonho acordado
ando a cismar sem prestar atenção
e tudo vejo e sinto e esqueço e me lembro
morro de amores e ressuscito e tenho arrepios
só de pensar na amada de ter a amada de possuir a amada
viro vulcão maré brava e ressaca de mar
ao mesmo tempo sou superfície de lago no vale
sou cachoeira e cascata
sou guerreiro amo minha pátria
por ela morro e vivo
carrego flores
desembainho o sabre
canto hinos que faço à paz
canto e choro
minhas lágrimas são os diamantes
que ofereço às mulheres que amo
elas são meus tesouros e eu as guardo no coração
e as espalho como pólen nos versos que escrevo
todos de saudades e de galanteios e de amor
e eu também finjo
amo vinho
distribuo pães
divido mais do que amealho
sou poeta
e se me perguntarem
digo sou.