Poema em linha reta - in italiano

Publicado por: Alice Gomes
Data: 16/02/2015
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Créditos

original em português: Fernando Pessoa tradução para o italiano: Antonio Tabucchi tentativa da leitura: eu

Fernando Pessoa in italiano

POEMA EM LINHA RETA

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.

Todos os meus conhecidos tem sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,

Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,

Indesculpavelmente sujo,

Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho.

Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,

Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,

Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,

Que tenho sofrido enxovalhos e calado,

Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda

Eu, que tenho sido cômico às criadas do hotel

Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes

Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,

Eu, que quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado

Para fora da possibilidade do soco

Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,

Eu verifico que não tenho par nisso tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo

Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,

Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana

Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;

Que contasse, não uma violência, mas uma covardia!

Não, são todos o ideal, se os ouço e me falam.

Quem há, neste largo mundo, que me confesse que uma vez foi vil?

Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semi-deuses!

Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,

Podem ter sido traídos – mas ridículos nunca!

E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído

Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?

Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,

Vil no sentido mesquinho e infame da vileza

TRADUÇÃO PARA O ITALIANO: ANTONIO TABUCCHI

Poesia in linea retta

Non ho conosciuto nessuno che le abbia buscate.

Tutti i miei conoscenti sono stati campioni in tutto.

E io, tante volte spregevole, tante volte porco, tante volte vile.

Io, tante volte indiscutibilmente parassita,

imperdonabilmente sudicio.

Io, che tante volte non ho avuto pazienza di fare il bagno.

Io, che tante volte sono stato ridicolo, assurdo,

che ho inciampato pubblicamente nei tappeti dell’etichetta,

Che sono stato grottesco, meschino, sottomesso e arrogante,

che ho subìto umiliazioni e ho taciuto,

che quando non ho taciuto, sono stato ancora più ridicolo;

Io, che sono risultato comico alle camariere di albergo;

Io, che ho percepito la strizzata d’occhio dei cacchini;

Io, che ho combinato pasticci finanziari,

che ho chiesto prestiti senza restituirli;

Io, che quando l’ora del pugno è venuta

mi sono abbassato fuori della sua portata;

Io, che ho sofferto il malessere delle piccole cose ridicole.

io verifico che non ho um mio simile in tutto questo mondo.

Tutti quelli che conosco e che parlano con me

non hanno mai arreto un auto ridicolo, non sono mai stati umiliati,

non sono stati altro che principi – principi tutti loro – nella vita...

Come vorrei sentire da qualcuno la voce umana,

che confessasse non un peccato, ma un’infamia !

che raccontasse non una violenza, ma una vigliaccheria !

No, sono tutti l’Ideale, se li sento e mi parlano.

Chi c’è in questo vasto mondo che mi confessi

che una volta è stato vile?

Oh! principi, fratelli miei! Cazzo!! sono stufo di semidei!

Dov’è che c’è gente al mondo?

Possibile che sia soltanto io vile ed erroneo a questo mondo?

Possono le donne non averli amati

possono essere stati traditi – ma ridicoli mai!!

E io, che sono stato ridicolo, senza essere stato tradito

Come posso parlare con i miei superiori senza titubare?

Io, che sono stato vile, letteralmente vile,

vile, nel senso meschino e infame della viltà.

Alice Gomes
Enviado por Alice Gomes em 14/06/2011
Reeditado em 16/02/2015
Código do texto: T3033241
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