POEMA EM LINHA RETA
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos tem sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho.
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda
Eu, que tenho sido cômico às criadas do hotel
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisso tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida...
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma covardia!
Não, são todos o ideal, se os ouço e me falam.
Quem há, neste largo mundo, que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semi-deuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos – mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza
TRADUÇÃO PARA O ITALIANO: ANTONIO TABUCCHI
Poesia in linea retta
Non ho conosciuto nessuno che le abbia buscate.
Tutti i miei conoscenti sono stati campioni in tutto.
E io, tante volte spregevole, tante volte porco, tante volte vile.
Io, tante volte indiscutibilmente parassita,
imperdonabilmente sudicio.
Io, che tante volte non ho avuto pazienza di fare il bagno.
Io, che tante volte sono stato ridicolo, assurdo,
che ho inciampato pubblicamente nei tappeti dell’etichetta,
Che sono stato grottesco, meschino, sottomesso e arrogante,
che ho subìto umiliazioni e ho taciuto,
che quando non ho taciuto, sono stato ancora più ridicolo;
Io, che sono risultato comico alle camariere di albergo;
Io, che ho percepito la strizzata d’occhio dei cacchini;
Io, che ho combinato pasticci finanziari,
che ho chiesto prestiti senza restituirli;
Io, che quando l’ora del pugno è venuta
mi sono abbassato fuori della sua portata;
Io, che ho sofferto il malessere delle piccole cose ridicole.
io verifico che non ho um mio simile in tutto questo mondo.
Tutti quelli che conosco e che parlano con me
non hanno mai arreto un auto ridicolo, non sono mai stati umiliati,
non sono stati altro che principi – principi tutti loro – nella vita...
Come vorrei sentire da qualcuno la voce umana,
che confessasse non un peccato, ma un’infamia !
che raccontasse non una violenza, ma una vigliaccheria !
No, sono tutti l’Ideale, se li sento e mi parlano.
Chi c’è in questo vasto mondo che mi confessi
che una volta è stato vile?
Oh! principi, fratelli miei! Cazzo!! sono stufo di semidei!
Dov’è che c’è gente al mondo?
Possibile che sia soltanto io vile ed erroneo a questo mondo?
Possono le donne non averli amati
possono essere stati traditi – ma ridicoli mai!!
E io, che sono stato ridicolo, senza essere stato tradito
Come posso parlare con i miei superiori senza titubare?
Io, che sono stato vile, letteralmente vile,
vile, nel senso meschino e infame della viltà.