Poema dedicado ao grupo Nós do Teatro, de Campos dos Goytacazes-RJ
Silêncio.
O público brilha no escuro,
Lançando ansiedade no ar.
As cortinas, paradas, exalam
Os versos que o ator repassa recluso
Em seu camarim mal iluminado,
Onde o cheiro da maquiagem toma
O ambiente repleto de tensa paixão
Pela arte de irradiar a alma num palco
E sentir a poesia que emana da plateia.
O altar das artes cênicas espera
Aquele que transcenderá a alma
Na noite banhada por estrelas
Enquanto o ambiente começa a pesar
Com os murmúrios dos espectadores passivos
Que comentam o atraso da apresentação
E imaginam o que acontece atrás das cortinas
Naqueles momentos de tensão
E frio na barriga.
Os sinais que recordam
As batidas de Molière
Alcançam os tímpanos mudos,
E os espectadores se calam.
Os contrarregras andam rápido.
Ambiente da criação artística
Montado. Sonoplastas e
Iluminadores posicionados.
O ator caminha suavemente
Com o coração batendo pesado.
O suor do diretor escorre.
Ouvem-se passos sobre os tacos.
Um som fabril ocorre, e
As cortinas se abrem.
O espetáculo vai começar.
*Texto recitado na abertura do III Festival Nacional de Esquetes do IFF, promovido pelo Grupo Nós do Teatro, do Instituto Federal Fluminense Campus Campos-Centro; publicado no livro "O verso sou eu - Antologia de sentimentos" (Multifoco, 2016); e selecionado para integrar a 3ª edição da revista (digital) de literatura Eels, do site Literatsi.