Doce melodia de brisas nas ramagens da mata, aquarela de cores nas flores das campinas, odores indescritíveis aos lânguidos raios de sol que vão se desvanecendo na amplidão.
Poesia concreta no vermelho das nuvens que se agrupam nas serras, Balé sincronizado de aves multi cores voltando céleres para o aconchego de seus ninhos.
Murmúrio de regatos escorregando nas encarpadas montanhas. Zumbidos de abelhas nas floradas níveas das uvaias. Mugidos lamentosos de gado nas pastagens. Final de dia, cair da tarde.
Sinos dobrando na capelinha branca, caiada, enfeitada de primaveras. Meninos carvoeiros descalços, trotando em burricos, saudando a vespertina.
Porteiras entrelaçadas de cipó São João, rangendo à passagem do tropeiro que viaja cantarolando uma canção a caminho da choupana.
Poeira levantada no estradão ao sabor das lufadas do vento. Folhas secas se acomodando nos barrancos. Cuiancos perambulando, piando triste na despedida do dia, esperando o manto negro da noite.
Arco-íris esmaecendo no spray das cachoeiras. Fumaça branca na chaminés das choças exalando o tempero do jantar.
Caboclas recolhendo as chitas nos varais de bambu, aguardando o namorado que fará serenata tão logo a lua surgir.
Fim de tarde, boca da noite. Luzeiros fagueiros tentando romper o último clarão do sol para aparecer.
Cair da tarde, inspiração poética que muitos deveriam viver e sentir. Rotina dos dias que se tornam cada vez mais belos quando conseguimos ver além da matéria, vivenciamos e desfrutamos os presentes de Deus.