Quisera ser escultor
p'ra te arrancar da pedra
e dar forma ao teu corpo.
Cerrar então os olhos para ver-te
e abri-los p'ra rever-te:
a mesma imagem.
Concretizado o sonho na matéria,
acariciá-la-ia com beijos e afagos
até confundir-me nela.
E na ilusão-paixão de reviver encantos
aqueceria essa pedra com o meu peito em fogo
até vê-la estremecer, até pôr-lhe a alma dentro.
Consumado o sonho eu ficaria
preso ao magnetismo do teu olhar brilhante
da tua doce voz
do teu sorriso aberto
dos teus lábios sedosos
do teu eu total.
Quisera ser escultor.
Recriar-te p'ra te não roubar,
recriar-te p'ra te não perder.